
O educador em questão destacou a
incoerência em que vive o ensino brasileiro no momento, moldando-se cada vez
mais ao modelo social dominante no mundo, ou seja, aquele em que o nosso valor
corresponde ao que temos, mais especificamente em bens materiais. Se a pessoa é
considerada bem sucedida não pelo conhecimento que possui e pela sabedoria, mas
sim pelos bens materiais que consegue conquistar, o ensino foi se moldando de
forma a atender esta necessidade de muitas pessoas. Ou seja, ajustou-se a causa
para atender ao efeito desejado.
A questão central é que
justamente o ensino é que deve ser adequado de forma que possibilite às pessoas
adquirir um conjunto de valores mais amplos. A opção pelo modo como quer
conduzir sua vida cabe a cada pessoa, mas é urgente que ao optar as pessoas
tenham um conjunto de valores e contrapontos que subsidiem a sua decisão. Hoje
a opção não existe, pois as crianças e jovens são ensinados a se ajustar ao modelo
social estabelecido. Qual o papel que a educação está exercendo então? Está
colaborando a tornar ainda maior o abismo existente entre as diferentes classes
sociais? Está incutindo a ideia de que na vida estamos em uma grande
competição? Precisamos ser melhores do que os outros para termos o nosso lugar
ao sol? Certamente os grandes filósofos antigos estariam de “queixo caído” se
pudessem observar como funciona a engrenagem da nossa atual sociedade.
Mas, voltando à reportagem que
mencionei, o educador afirmou que o Brasil começa agora a realizar uma mudança
na esfera do ensino público, decorrente de pesquisas que revelaram que o melhor
aproveitamento do ensino ocorre com pessoas que possuem um aspecto em comum,
apesar de pertencerem a classes sociais diferentes: trata-se do conjunto de
valores que estes alunos trazem consigo para dentro do ambiente escolar,
influenciados pelo grupo social em que vivem e pela família. Nada de
surpreendente na conclusão da pesquisa; fiquei até surpreso de que fora
necessário uma pesquisa ampla para que se tivesse esta percepção.
No entanto, o que deve ser
destacado é que percebeu-se que a escola não está atuando naquilo que seria uma
função primordial: atuar na formação ética dos alunos, oferecendo a
oportunidade de que os principais valores sociais lhes sejam apresentados e por
eles compreendidos. Mas, como diz aquele dito popular “antes tarde do que nunca”.
Acredito que se deva elogiar esta iniciativa do ensino público e torcer para
que o ensino privado também se preocupe com iniciativa semelhante, trazendo de
volta ao mundo, quem sabe, algumas figuras semelhantes ao que era a antiga “intelectualidade”.
A questão não é de fácil solução,
pois está incutido no dia a dia das pessoas a ideia de competição, de possuir
mais. Pare e reflita que os jogos, desde os infantis até os adultos
disponibilizados nas redes sociais, sempre possuem o objetivo de acumular
posses, seja do tipo que for, mas a ideia central é o possuir mais. Ao mesmo
tempo em que estamos cada vez mais ligados ao mundo, estamos mais distantes das
pessoas de verdade.
É preciso que em nosso meio
sejamos também agentes dessa mudança.
Enfim...coisas que passam...que
compartilho com vocês.
Frase pulsante da semana: “Cada
coisa tem o seu valor; ser humano, porém, tem dignidade!” (Kant)
é o ser humano perdido entre a causa e efeito, bom texto
ResponderExcluirE que ética parece ser uma coisa simples de se aplicar mais não é dá muito trabalho. Por isso é que se precisa repetir várias vezes é fácil esquecer.
ResponderExcluirAbraços.