domingo, 29 de setembro de 2013

Pensar ou repensar...

Volto a abordar aqui um assunto de extrema importância para a sociedade. Com certeza, esta não é a opinião de milhões de pessoas, para as quais a filosofia é vista como algo desnecessário e até mesmo ignorada. O desconhecimento do que é a filosofia, do que ela se ocupa, é tamanho, que passou a ser considerada como se fosse um supérfluo na vida da sociedade.

O fato de vivermos em uma sociedade onde o “possuir” passou a ser fator que distingue as pessoas, determinando inclusive o grau de importância e valor das pessoas, é uma das determinantes do ostracismo em que se encontra a filosofia na concepção do homem moderno. O modelo social atual está tão deturpado e distante de todo e qualquer conceito racional que chegamos a alterar o significado de um dos conceitos primordiais da filosofia: o “ser”. Hoje o “ser” está relacionado à importância de uma função social e política que eventualmente a pessoa ocupe, dos poderes adquiridos por ela ou por quem dela cuide. O “ser” está associado ao “ter” em termos materiais. Percebemos aqui que não só abandonamos a filosofia como também invertemos os conceitos.
Entendo que a importância da filosofia está na sua atuação na formação e desenvolvimento do pensamento humano, pois ela nos ensina a pensar e questionarmos. O fato é que a filosofia não traz resultados consensuais, pois tem em seu interior a essência do questionamento, o que potencializa as divergências de posições, mas sempre baseadas no bom senso e no saber.
Daí talvez compreenda-se a difícil aceitação em incluir esta ciência no ensino educacional; tanto os professores atuais quanto os alunos resistem a este tipo de desafios, seja pelo fato dos professores não terem sido “educados” suficientemente para tal, quanto pelo fato dos alunos não compreenderem os objetivos e benefícios da filosofia. A discussão baseada em argumentos, na lógica e no bom senso não é uma tarefa fácil para pessoas “modeladas” pela atual sociedade; repentinamente surgem novos valores que nos obrigam a pensar? Não, obrigado! Vamos continuar como estamos, pois é menos desafiador, podemos continuar “deixando a vida nos levar”.
Livre-arbítrio, ética e moral, dentre outros, são alguns dos valores abordados no estudo filosófico. Está escancarado que a falta de um conhecimento destes valores e seus papéis na engrenagem do relacionamento social é um dos fatores que leva a sociedade atual na direção do caos. A aceitação de atitudes que ferem valores básicos da ética e da moral, bem como a banalização do livre-arbítrio são sintomas de uma sociedade doente.
As recentes manifestações que tivemos no país são uma demonstração dessa crise moral e ética que abordo aqui. Por mais justas que sejam as reivindicações, é preciso ter coerência entre o que se defende e a forma como se faz. A falta de ética e moral que gerou a onda de protestos, ironicamente, esteve presente e foi o combustível para as manifestações na forma que ocorreram; o quebra-quebra de propriedade alheia, o desrespeito ao próximo e a falta de orientação no protesto são marcas de um movimento “sem consciência”.
Parece que o ser humano chegou ao topo de sua evolução e começa um caminho de regressão aos tempos em que o instinto conduzia todas as suas ações. Outrora era a falta de conhecimento que levava o homem a agir naquele contexto; atualmente, com sobra de conhecimento e informação, é a falta do saber que nos conduz ao abismo. Precisamos reaprender a pensar, deixar de fazer as coisas baseados “no que todos estão fazendo”. A integração social, potencializada pela tecnologia, ao invés de atuar como um catalizador e propagador de conhecimento, está sendo um forma efetiva de “robotização” das pessoas.
Pensemos pois, se não está em nós mesmos a solução para os problemas que enfrentamos. Se pensarmos cada atitude que tomarmos, não será necessário atuar com desrespeito e desorientação posteriormente, pois escolhas conscientes e pensadas são mais do que simples instinto.

Enfim...coisas que penso...que compartilho com vocês.


Frase pulsante da semana: “O fim supremo da educação é o discernimento especializado em todas as coisas – o poder de diferenciar o bem e o mal, o genuíno do impostor, e de preferir o bem e o genuíno ao mal e ao impostor.” (Samuel Johnson)

3 comentários:

  1. Vivemos dias em que parece ser difícil parar para refletir, o que dirá então pensar...ou aprender a pensar.
    Espero que a consciência dessa necessidade desperte antes que seja tarde.

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  2. bacana! não conhecia o blog e achei as posts com alguns antigos bem interessantes
    vlw parabens

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  3. Muito bom esse texto parabéns.

    J.

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