segunda-feira, 2 de abril de 2012

Os Ombros Suportam o Mundo

                                   Bosch
Passando por uma livraria ao  comprar o mesmo caderno preto comum, percebi ao meu lado um transeunte mas para rato de livraria do que um simples transeunte, como se diz: um rato reconhece outro. Estava ele sorridente escolhendo entre as prateleiras um caderno ao oposto do meu; seu caderno era bem colorido com ares de infância. Este então olha a minha escolha e diz categoricamente: Este caderno que eu estou levando é para mim; mas não te importes muito de comprar algo que você acha que não te pertences pois o prazer a beleza a felicidade das pequenas coisas também fazem parte do desenvolvimento das idéias sejam elas quais forem.

Confesso que fiquei surpresa pela conversa, bom me assustei mesmo! não estava esperando uma frase dessas. Geralmente entre uma prateleira e outra as pessoas são cada um na sua. Numa livraria somos solidários com o que queremos ver e só. Mas fiquei pensando.
Bom talvez a um fundo de verdade nas suas palavras, pois quando ficamos adultos as vezes pais as vezes mães ou sempre filhos, casados ou sozinhos esquecemos esse lado do bem estar simples nem que seja por um caderno colorido ou um bloquinho de anotações. Quantas vezes nos pegamos querendo algo mas por achar que não condiz conosco ou com nossa idade acabamos por não adquirir. Esquecemos de perceber  que tudo passa muito rápido e o que sobram são lembranças do que fizemos e o que poderíamos ter feito.
Por hoje fiquemos todos com Drummond:

Os Ombros Suportam o Mundo

Chega um tempo em que não se diz mais: meus Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: Meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem á porta, não abrirás.
Ficas-te sozinho, a luz apagou-se,
Mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é velhice?
Teus ombros suportam o mundo...
As guerras as fomes as discussões dentro dos edifícios
Provam apenas que a vida prossegue.
E nem todos se libertaram ainda
Alguns achando bárbaro o espetáculo...
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem
A vida apenas, sem mistificação.

Em face a essa onda, que vem e vai, que nos impulsiona a nadar, cada um a sua maneira, seguremos com as mãos ou com os ombros, mistifiquemos, suportemos, mas também sejamos solidários amigos de nós mesmos nem que seja para adquirirmos um simples bloquinho de anotações bem colorido. Porque a vida pode ter a cor que queremos dar.

Enfim...coisas que passam...que compartilho com vocês

Frase Pulsante da Semana:  "Talvez seja este o aprendizado mais difícil: Manter o movimento permanente, a renovação constante; a vida vivida como caminho e mudança".   (Kuhner)

Até segunda-feira que vem.

Cérebro Que Pulsa.

2 comentários:

  1. A magia do ser: por vezes temos dificuldade de aceitar nossa própria intuição, a manifestação do nosso ser interior.

    Kadu

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  2. Bom como faço todos os domingos agradeço os acessos, e os comentários.

    Até o próximo artigo.

    C.Q.P.

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