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José Malhoa |
Esta
postagem foi motivada por um questionamento realizado por um amigo, e refere-se
à relação entre sociedade e família. A história da humanidade registra ao longo
de sua existência a importância e o significado da relação entre “agrupamentos”
e a sociedade como um todo. Enquanto para alguns a busca da vida em sociedade é
uma característica da natureza do homem, outros compreendem esta relação de
forma diversa, mas o fato é que ao longo da história a formação do núcleo
familiar teve seu papel na construção de um mundo em que se buscava um maior
equilíbrio, a instituição de algumas regras e valores que nos permitissem viver
civilizadamente.
E
assim, os modelos de famílias foram se moldando de formas distintas ao longo
dos tempos, passando por transformações que procuravam ajustar esse modelo aos
conceitos do homem no seu tempo e aos conceitos da sociedade. Indiscutivelmente,
assim como a sociedade influenciou significativamente a formação destes modelos
familiares, os valores familiares também influenciaram na forma das sociedades.
Em meu modo de ver, a influência da família na sociedade se dá de forma mais
significativa através dos costumes e valores morais ensinados e cultivados no
seio familiar e que posteriormente cada um de seus participantes levará à
sociedade no momento em que ingressar neste convívio. Entendo ainda que a
importância da família em influenciar a sociedade deva estar acima do poder da
sociedade sobre o núcleo familiar. É a
partir de valores familiares bem definidos e constituídos que se aprimora o
modelo social. Afinal, a família pode ser considerado como o primeiro “meio
social” em que somos inseridos e portanto onde os valores podem ser definidos
com uma menor influência do que no âmbito de uma sociedade formada por um
conjunto de valores extremamente heterogêneos.
No
entanto, atualmente parece-me que a relação está invertida, ou seja, a
sociedade está influenciando em demasia o âmbito familiar, lançando neste
núcleo um conjunto de valores e condutas as quais as pessoas estão simplesmente
incorporando ao seu modelo familiar, sem o devido questionamento. Parece que a
exposição da família a um modelo midiático moderno, a um meio em que redes
sociais estão substituindo relações sociais, tem fragilizado o processo crítico
em relação aos valores a serem incorporados no núcleo familiar. Sem dúvida, o
excesso de informação, apesar de abrir um leque de oportunidades para novos
conhecimentos, também fragilizou o processo analítico e crítico em relação à
maioria das pessoas. E isto tem contribuído para que incorporemos uma série de
conceitos e práticas em nossos modelos sem o devido questionamento quanto aos
seus valores.
É preciso
parar um pouco, olhar ao nosso redor, perceber como realmente é o mundo, a
sociedade e a família atualmente e avaliar se temos feito bom uso dessa
interminável quantidade de informações, se a velocidade com que estamos
tentando levar nossas vidas está nos permitindo ver e perceber os nossos atos e
suas consequências. O que me parece é que estamos cada dia mais distantes de
termos um mundo melhor, uma sociedade mais justa. E isto me parece incoerente
quando a informação e os valores que sustentam uma sociedade de forma harmônica
poderiam alcançar a todos em questões de segundos. De nada adianta uma multidão
de pessoas com nobres sentimentos e objetivos se não conseguimos conviver de
forma adequada. E isto deve ser aprendido por nós no núcleo familiar para que
cada um de nós possa levar estes valores ao meio social em que vivemos, onde a
partir desse equilíbrio poderemos de fato realizar as mudanças que nos levem a
um modelo social mais justo e harmonioso.
Enfim, coisas que passam, que compartilho com vocês.
Frase pulsante da semana: "Toda
a doutrina social que visa destruir a família é má, e para mais inaplicável.
Quando se decompõe uma sociedade, o que se acha como resíduo final não é o
indivíduo mas sim a família". (Victor Hugo)
Até a próxima segunda-feira!
Muito boa analise e reflexão desta relação critica família e sociedade.
ResponderExcluirÉ verdade esta perda de sintonia entre uma e outra e neste vazio nasce esta inquietação, que tem tornado viver em sociedade uma coisa mais complexa. A família é o ponto primário de toda esta interação e se esta falha a sociedade paga um preço alto. Em contraste a evolução das informações não tem conseguido estreitar este elo, que nos faria alimentar o sonho de um mundo melhor, mais justo e igual de condições para todos. Estamos nos distanciando ou criando grupos isolados.
Parabéns pela ótima postagem para uma reflexão profunda e sem dor.
Um abração amigo.
Toninho,
ExcluirAgradeço novamente sua visita. É isto mesmo, a vida nos coloca sempre novos desafios. Parece ser o caminho natural da vida.
Um abraço!
Olá, Rafael.
ResponderExcluirMuito interessante, esta análise.
No meu pós-mestrado em arquitectura frequentei um mini-curso de sociologia, que começava exactamente por este tema.
É verdade que a família, hoje, é completamente diferente de quando eu era criança, há apenas 50 anos (ainda não tenho 60). Portanto, em meio século, os valores alteraram-se completamente. Influência dos tempos, dizem alguns; consequência da globalização, afirmam outros. E ainda... é o preço a pagar pelo progresso... Eu diria que é motivado por um pouco de tudo isto.
Continuação de boa semana.
Um abraço
MIGUEL / ÉS A MINHA DEUSA
Miguel, agradecendo sua visita e seu comentário, concordo com você. E assim sempre será, cabendo a nós o desafio de compreendermos o que está acontecendo.
ResponderExcluirUm abraço!