
O fato de vivermos em uma
sociedade onde o “possuir” passou a ser fator que distingue as pessoas,
determinando inclusive o grau de importância e valor das pessoas, é uma das
determinantes do ostracismo em que se encontra a filosofia na concepção do
homem moderno. O modelo social atual está tão deturpado e distante de todo e
qualquer conceito racional que chegamos a alterar o significado de um dos
conceitos primordiais da filosofia: o “ser”. Hoje o “ser” está relacionado à
importância de uma função social e política que eventualmente a pessoa ocupe,
dos poderes adquiridos por ela ou por quem dela cuide. O “ser” está associado
ao “ter” em termos materiais. Percebemos aqui que não só abandonamos a
filosofia como também invertemos os conceitos.
Entendo que a importância da
filosofia está na sua atuação na formação e desenvolvimento do pensamento
humano, pois ela nos ensina a pensar e questionarmos. O fato é que a filosofia
não traz resultados consensuais, pois tem em seu interior a essência do
questionamento, o que potencializa as divergências de posições, mas sempre baseadas
no bom senso e no saber.