sábado, 15 de fevereiro de 2014

Caminhando para...

Passadas algumas décadas daquele tempo em que jovens e adultos se uniam na busca de objetivos comuns, lutando pelo direito à liberdade de expressão, vivemos atualmente uma ausência total de consciência social. Foram momentos em que a intelectualidade, a consciência e a determinação estiveram presentes nos mais diversos movimentos sociais, de onde surgiram tantas personalidades que ocuparam posições de destaque no país em segmentos como cultura, política, educação e entidades de defesa de interesses sociais.

Hoje percebemos que a sociedade brasileira não “produziu” seguidores e sucessores para estas personalidades que tanta importância tiveram no desenvolvimento social. Existe uma ausência de novos talentos, de novos pensamentos, de novos líderes para assumir posições de relevância na estrutura social da nação. O que “produzimos” nesta era de grande desenvolvimento tecnológico foram “referências vazias” em diversos segmentos fabricados neste novo mundo; pessoas que possuem milhões de seguidores e fãs, mas que nada tem a contribuir para um mundo real, onde problemas existem, onde sacrifícios são necessários, onde para cada direito há um dever a ser respeitado, onde nossas lutas deveriam sempre se preocupar com a forma como afetam os outros. Infelizmente não há perspectiva de que em curto prazo apareçam pessoas que possam contribuir para uma mudança significativa necessária para nossa sociedade.
Se parece que pelo menos a sociedade saiu daquela situação em que assistia a tudo de forma contemplativa, estas mesmas pessoas ainda não sabem pelo que lutam. Então, parece mais um movimento motivado de forma instintiva, sem alguma causa coerente a defender, sem pauta de reivindicações. O quebra-quebra que seguidamente vemos nas ruas é o mais triste retrato desta realidade; a capacidade de unir pessoas em torno de uma causa foi substituída pela facilidade de promover encontros de multidões em locais determinados, a partir das redes sociais. O problema é que as pessoas se reúnem sem que exista uma causa compartilhada. São mero reflexo de algo que as redes sociais propiciam atualmente.
Educação, consciência de que somos parte de um todo, onde cada um possui seu papel, onde o papel de cada um deve ser respeitado. Participar de qualquer movimento sem consciência de qual causa está sendo defendida, de qual proposta apresentar e de como impacta na vida das pessoas é um gesto de ignorância.
Fiquei perplexo com o que aconteceu na manifestação ocorrida no Rio de Janeiro em que a explosão de um rojão provocou a morte de um cinegrafista. O assustador é a falta de consciência destes elementos que participam de grupos que protestam sem ter a mínima preocupação com a vida das outras pessoas. A declaração de que “não sabia que era um rojão” ou “a intenção não era ferir ninguém da imprensa mas sim direcionar contra os policiais” são as provas mais evidentes dessa ignorância. Se estas pessoas entendem ter direito de protestar como quiserem, devem entender que a ignorância não os exime da culpa e que devem ser punidos como “criminosos”, que é o que de fato são. Não existe diferença entre estas pessoas e aquelas que por falta de educação, de família e até mesmo de ter o que comer tornaram-se criminosos. Quer dizer, existe sim, estes manifestantes tiveram a oportunidade da vida, mas optaram por seguir outro caminho.

Chega de tolerância à ignorância, do culto a falsos ídolos, de aceitar a falta de inteligência e sabedoria nas atitudes das pessoas. Parece que estamos nivelando tudo por baixo.

Enfim...coisas que passam...que compartilho com vocês.

Frase pulsante da semana: "Conte-me e eu esqueço. Mostre-me e eu apenas me lembro. Envolva-me e eu compreendo." (Confúcio)

5 comentários:

  1. ~ Adimirei e gostei do que li: identifico-me com os seus valores.
    Acabei de fazer um comentário no "Antagonices", com o mesmo sentido lato.
    Foi de lá, que vim conhecer a sua brilhante página, pois ainda não tenho blogue.
    ~ Deixo-lhe votos de muito sucesso e longa vida! ~
    ~ ~ ~ Com muita simpatia. ~ ~ ~

    ResponderExcluir
  2. É aquela velha história; todo mundo quer ter direitos respeitados e preservados. Mesmo em uma manifestação cada um pensa só em si. Eles nem conseguem raciocinar no direito coletivo. E o que é mais engraçado e triste nisso tudo: é que estamos falando de manifestações.
    Muitos direitos e poucos deveres.
    J.

    ResponderExcluir
  3. Já houve um tempo em que a sociedade era mais evoluída espiritualmente, e o corpo social fluía ricamente! Devemos resgatar a comunidade! abraços

    ResponderExcluir
  4. Olá Rafael!
    Sua postagem é das mais importantes para se discutir os rumos de uma sociedade que vem perdendo seus valores a olhos vistos. Como bem lembrado, no período do militarismo, o envolvimento social nas causas políticas era outro, daí a produção sem precedentes na história de nosso povo, nas diversas áreas da cultura e da educação. Contudo, passada essa fase, a sociedade se acomodou e decaiu ano após ano. Quando maior a alienação política, maior a corrupção, os desmandos, a impunidade, a injustiça e a desigualdade.. Fazer movimentos para que a nação reencontre seu rumo certo é válido, mas como conduzir uma manada de alienados que pouco conhecimento tem de seus direitos e deveres? Como conscientizar uma sociedade que é ela a principal responsável pela educação dos seus filhos e que são esses deseducados e incultos quem conduzirão este país logo mais? Como separar o joio do trigo, se numa manifestação eles se misturam e se estragam naturalmente? Punir os culpados pelo vandalismo gratuito é mister, mas o que se há de fazer com os alienados bonzinhos?
    Há tempos nossos governantes (afirmo que eles não me representam) pouco se dão pela educação e outras políticas essenciais, só pensam no pão (bolsa isso e bolsa aquilo) e no circo (os caríssimos estádios não me desmentem) para calar essa nação sem algum projeto. Amo esse país, mas tenho vergonha desse povo.
    Um abraço!

    ResponderExcluir
  5. Gostaria de deixar aqui meus agradecimentos a todos que deixam seu registro aqui no blog. Majo, Ives, Augusto e a todos os visitantes anônimos agradecemos a visita e interação conosco. Um abraço e continuem acompanhando nossas postagens!

    ResponderExcluir